Por Carin Hommonay Petti para Pequenas Empresas & Grandes Negócios
O mapa da mina
Operações com recursos públicos podem oferecer condições mais favoráveis
Operações com recursos públicos podem oferecer condições mais favoráveis
Falar em dinheiro barato no Brasil, país com um dos juros mais altos do planeta, parece desaforo. Mas é possível sim escapar das taxas estratosféricas das operações de crédito tradicionais - os juros médios anuais para pequenas empresas estão na casa de 60% para capital de giro, enquanto a inflação fica em torno de 7%. Nas páginas a seguir, consolidamos informações sobre 24 linhas com juros mais baixos (há ainda outras oito, para financiamento de exportações, em www.globo.com/pegn). Todas as opções vêm de bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. A razão é que, por ter acesso a recursos do governo, essas instituições podem teoricamente cobrar taxas menores, principalmente nos financiamentos de investimentos, como a compra de equipamentos ou realização de obras. Em alguns casos, existem taxas diferenciadas até em empréstimos para cobrir as despesas do dia a dia, como gastos com insumos ou folha de pagamento.
Entre as linhas mais atraentes da praça estão as do Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger), oferecidas pelo Banco do Brasil (BB), Caixa e Banco da Amazônia para financiar até R$ 400 mil em investimentos e capital de giro associado. Os juros ficam na casa dos 5% ao ano mais a variação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) - um total em torno de 11%. Só para comparar, as taxas para operações de leasing podem atingir a casa dos 60% ao ano. Os prazos para pagamento também são camaradas: até seis anos ou, no caso de empresas do setor de turismo, 12 anos.
INVESTIMENTOS
O maior repassador de recursos do Proger é o Banco do Brasil. Seu carro chefe é o chamado Proger Urbano Empresarial, destinado a empresas com receita anual de até R$ 5 milhões. Sua carteira somava em março R$ 5,5 bilhões, segundo os dados mais recentes disponíveis - 25% a mais que o volume registrado no mesmo período do ano passado. A linha atende hoje 170 mil empresas - mais da metade delas com faturamento de até R$ 2,4 milhões.
O maior repassador de recursos do Proger é o Banco do Brasil. Seu carro chefe é o chamado Proger Urbano Empresarial, destinado a empresas com receita anual de até R$ 5 milhões. Sua carteira somava em março R$ 5,5 bilhões, segundo os dados mais recentes disponíveis - 25% a mais que o volume registrado no mesmo período do ano passado. A linha atende hoje 170 mil empresas - mais da metade delas com faturamento de até R$ 2,4 milhões.
No caso das linhas do BNDES, o dinheiro para pequenas e médias empresas é, com exceção do financiamento às exportações, liberado por intermédio dos principais bancos do país. Os campeões de repasse de recursos são o Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. No total, a instituição emprestou R$ 1,2 bilhão no primeiro bimestre para empresas com faturamento anual de até R$ 10,5 milhões. É um crescimento de 19% no volume financiado, em comparação a uma queda de 17% registrada entre os negócios de maior porte. Como explicar a aparente distorção? "Por solicitarem menos dinheiro, os negócios de menor porte não tiveram a demanda por crédito abalada por conta da crise", afirma Cláudio Bernardo de Moraes, superintendente de operações indiretas do banco.
Entre os pequenos, o produto favorito do banco é o cartão BNDES, um cartão de crédito com limite pré-aprovado de até R$ 500 mil, destinado à compra de 106.800 itens, entre máquinas, equipamentos, computadores, software, móveis e veículos. Também é possível adquirir insumos para setores como o coureiro-calçadista, moveleiro, têxtil, de panificação e de edição de livros. Obrigatoriamente, o portador do cartão deve fazer as suas compras entre os 11.800 fornecedores credenciados (veja relação completa em www.cartaobndes.gov.br). As operações são financiadas em até 48 meses para os cartões emitidos pelo Banco do Brasil e Bradesco e em até 36 meses na Caixa Econômica Federal - apenas essas três instituições fornecem o cartão. Os juros mensais são modestos: 1% em abril.
Entre os 168 mil cartões em circulação está o da escola paulistana de educação infantil Building, com 44 funcionários e faturamento anual de R$ 1,4 milhão. Ao longo do ano passado, a sócia Marilene Baptista financiou R$ 12.100 para comprar pisos novos, grama sintética e uma lousa digital. "Eu precisava do investimento para atrair e manter alunos", diz ela. Nas suas três operações, com prazo de 36 meses, os juros variaram entre 1,06% e 1,15% ao mês. Meses antes, a empresária havia financiado outros R$ 12 mil para reformar uma sala com uma taxa três vezes maior: 3,4% ao mês. Com a dívida já paga, ela se diz arrependida: "Juros assim outra vez, nem pensar".
Para conseguir o cartão, Marilene teve de provar ao Bradesco, o banco emissor, que estava em dia com os pagamentos do INSS, FGTS e tributos federais - exigência do BNDES para todas as suas linhas. "Sem as obrigações em ordem, o dinheiro não sai", diz.
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