terça-feira, 27 de julho de 2010

Onde conseguir dinheiro (barato) (parte 3) – Primeiro Negócio

Por Carin Hommonay Petti para Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Primeiro negócio
Investidores anjos, fundos e, a depender do empreendimento, até bancos podem financiar a abertura de empresas
Por Leonardo Pessoa
Aos 19 anos, o estudante de computação Marcos Passos já faz inveja a muitos empreendedores. Conseguiu dinheiro para abrir seu negócio sem recorrer aos bancos. Os recursos para inaugurar a Bookess - site de publicação de livros digitais e venda das obras impressas - veio de quatro anjos do grupo Floripa Angels, de Florianópolis. Para quem não sabe, anjos são investidores que, a exemplo dos fundos de venture capital, compram participações de empresas com grande potencial de crescimento para, mais tarde, vendê-las com lucro a fundos de investimento, outras empresas ou até aos fundadores do empreendimento.
De olho na futura rentabilidade do negócio, eles escolhem com rigor onde pôr o dinheiro. Só consegue fisgar um sócio capitalista quem provar ter uma ideia original e lucrativa. No caso de Passos, entre os atrativos do projeto estava o fato de o site permitir a produção de livros de forma colaborativa - tendência alinhada ao crescente mercado das mídias sociais, como a wikipedia. Também contou ponto o acesso gratuito aos livros produzidos - apenas a publicação em papel é cobrada do usuário - e o apelo internacional do produto, que terá versões em inglês e espanhol, conta Marcelo Cazado, um dos anjos que investiram na Bookess.
Mas apenas uma boa ideia, por melhor que seja, não é suficiente na busca de recursos para tirar um negócio do papel. Um plano de negócios consistente também é essencial. No seu, Passos demonstrou os investimentos necessários em infraestrutura, pessoal, processos e sistemas. Abordou ainda as metas de produção, o faturamento previsto e as estratégias de marketing. Também não deixou de esmiuçar dados da audiência do site piloto, feito inicialmente em casa sem fins comerciais.
Em meados do ano passado, o estudante enviou seu plano a anjos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Ele diz que recebeu respostas de todos, mas acabou se interessando pelo Floripa Angels, atraído pela possibilidade de montar sua empresa na capital catarinense, um polo no desenvolvimento de novas tecnologias. Depois de cinco meses de negociação, fechou o negócio em janeiro com quatro dos quinze investidores do grupo. Acerto feito, deixou o Rio para abrir sua empresa no Sul do país. Passos não divulga a soma envolvida na transação, nem o tamanho da participação vendida. Mas há uma pista: os aportes do Floripa Angels variam de R$ 400 mil a R$ 1 milhão.
O dinheiro será investido, entre outras ações, em marketing focado em mídias sociais como blogs, microblogs, redes colaborativas e, também, algumas ações em mídia tradicional. Com a injeção de capital, a previsão é aumentar a visitação do site, dos atuais 3 mil usuários já cadastrados, para 10 mil até janeiro de 2010. Segundo as projeções, as vendas, com início previsto para julho, devem atingir 10 mil exemplares em 12 meses. Para o ano seguinte, a previsão é de 100 mil exemplares com o reforço das vendas no exterior. Atualmente há 80 obras prontas e outras 500 em processo de elaboração de forma colaborativa.
Para quem pensa em adotar a estratégia de Passos, um aviso importante: é fundamental estar preparado para compartilhar a gestão do negócio com os novos sócios. "Os elegíveis precisam entender que terão a intervenção dos investidores, muito mais interessados em dividir sua experiência e bagagem em gestão do que em oferecer somente dinheiro", diz Ernesto Weber, ex-presidente da Petrobras, agora no comando da Gávea Angels, grupo de investidores no Rio de Janeiro. Fábio Bellotti, coordenador de outro grupo, o São Paulo Anjos, concorda: "Se você quiser só dinheiro, não procure um anjo."

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