por Marina Motomura
Estamos todos acompanhando a situação grave que está passando a cidade do Rio de Janeiro com as chuvas dos últimos dias. A cidade está alagada, muita destruição e caos na vida dos moradores da cidade, principalmente daqueles que moram em locais de risco, como algumas favelas cariocas. A urbanização dessas favelas seria uma solução parcial para o problema?
A urbanização de uma favela começa com o levantamento dos problemas que afetam a região. Da falta de saneamento básico à ausência de asfalto, os obstáculos variam - até a localização do assentamento pode ser um problema. "As favelas costumam surgir em regiões que outros empreendimentos imobiliários não ocuparam: sob pontes e viadutos, à beira de córregos ou em encostas de morros", diz Alex Abiko, professor de engenharia civil da USP. A urbanização de favelas no Brasil é recente. Nos anos 60, os moradores eram simplesmente removidos. Depois, por volta dos anos 80, programas do governo passaram a resolver questões pontuais, como redes de água. Hoje, os projetos incluem não só infraestrutura mas também melhora na qualidade de vida. Veja aqui os principais problemas que afetam as favelas brasileiras:
LADEIRA ABAIXO
Nas grandes cidades, em geral, os únicos terrenos livres são as áreas de risco, como encostas de morros e barrancos. É justamente nesses vazios urbanos que surgem as favelas. Improvisadas, as moradias à beira de morros correm risco de sofrer solapamento e deslizamentos de terra. Quanto mais inclinado o terreno, maior o risco
CURTO-CIRCUITO
Muitas favelas não têm redes de energia elétrica oficiais e recorrem a gatos para desviar energia. As ligações clandestinas, feitas com material velho e inadequado, são perigosas: podem provocar desde choques em quem passar perto de um fio desencapado a incêndios e curtos-circuitos
SEM DOCUMENTO
Quem mora na favela não tem CEP. Entre becos e vielas sem nome, os carteiros ficam perdidos e as correspondências não chegam. Para piorar, os moradores não conseguem comprovante de residência, documento necessário para conseguir emprego, por exemplo. Como as moradias são ilegais, sem escritura, os moradores correm o risco de despejo o tempo todo
E A CHUVA LEVOU
Sem valetas ou canaletas, a água da chuva não tem por onde escorrer. Quando chove, a água pode empoçar e virar ninho para o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. A água pluvial arrasta o que está no caminho, além de transformar as ruas de terra batida em lamaçal
ERA DAS TREVAS
Sem postes de iluminação pública, a população fica desprotegida da violência durante as noites. Afinal, fica mais fácil para ladrões e traficantes sumir no escuro... Só sobra a iluminação vinda de dentro das residências
QUESTÃO DE SAÚDE
Como os barracos ficam colados uns aos outros, a luz do Sol não entra. A umidade aumenta, prato cheio para o crescimento de fungos, que podem causar doenças. Isso sem falar nos males causados pela falta de saneamento básico, como cólera, disenteria e esquistossomose
BECO SEM SAÍDA
A densidade demográfica é alta - há muita gente por metro quadrado. Sem espaço livre, falta lugar para ruas - no máximo, há becos e vielas. Isso impede não só o acesso de carros mas também a entrada de serviços importantes, como caminhões de lixo e ambulâncias
ENTRANDO PELO CANO
Improvisadas, as casas não estão ligadas à rede de água nem à rede de esgoto oficial da cidade. Os moradores dão um jeitinho, fazendo gatos que roubam água de casas vizinhas ou da própria prefeitura, e despejam o esgoto a céu aberto, principal problema ambiental do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
*FONTES - URBANIZAÇÃO DE FAVELAS EM FOCO: EXPERIÊNCIAS DE SEIS CIDADES; URBANIZAÇÃO DE FAVELAS - A EXPERIÊNCIA DE SÃO PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário